Astrum Argentum: Ordem que Exalta a Busca pelo Sagrado Feminino, Com Carência de Mulheres.
ΚΕΦΑΛΗ Γ
A OSTRA
Os Irmãos da Α∴Α∴ são um com a Mãe da Criança.
Os Muitos são adoráveis ao Um, como o Um o é para os Muitos.
Este é o Amor Destes; criação-parto é a Glória do Um; coito-dissolução é a Glória de Muitos.
O Todo, assim combinado com Estes, é Glória.
Nada está além da Glória.
O Homem delicia-se ao unir-se com a Mulher; a Mulher em parir uma Criança.
Os Irmãos da Α∴Α∴ são Mulheres: os Aspirantes à Α∴Α∴ são Homens.
Liber CCCXXXIII (Livro das Mentiras)
Vou iniciar essa especulação falando um pouco da minha experiência com Thelema. Conheci Thelema, assim como soube da existência de Ordens como a O.T.O. e A.’.A.’. há pouco mais de dez anos. Na época eu estava envolvida com a Wicca, naquela fase de sede de conhecimento, obcecada em resgatar toda a memória espiritual dessa minha ligação com a magia (sou daquelas que acredita que uma vez mago, sempre mago, e que em todas as vidas haverá de alguma forma esse resgate).
Naquele momento via Thelema como coisa de maluco, porém muito atraente e convidativa, principalmente pela minha afinidade e preferência às Ciências Ocultas. Mas dizia a mim mesma que não iria entrar numa coisa dessas (no fundo eu sabia que se entrasse seria ida sem volta).
Decepcionei-me com a Wicca, trilhando outro caminho espiritualista, até que anos depois a magia veio bater novamente a minha porta. Tá bom, não resisti, e dessa vez mais amadurecida, cá estou. E como não podia deixar de ser, no momento certo, Thelema me abduziu através da Santa Ordem.
Esse retorno à magia se deu através de um grupo de estudos formado por thelemitas no intuito de apresentar e ensinar o currículo básico da Golden Down e da A.’.A.’. Convivi nesse grupo durante um ano, participando dos cursos, assim como eventos e festas, e foi daí que um fato me chamou a atenção: o grupo era composto praticamente por homens; os que procuravam os cursos eram na maioria homens; me vi em eventos que estavam apenas eu e mais duas mulheres, no meio de quinze, vinte homens. Como era previsível, ao entrar em grupos thelêmicos nas redes sociais, em especial na Astrum Argentum Brasil, me deparei com o mesmo problema: mais de 80% dos membros são homens.
Dados retirados do grupo Astrum Argentum Brasil no Facebook em 13/12/2018.
Mas por quê?
Logo a A.’.A.’. que é feminina, que enaltece a busca pela contraparte criadora feminina na figura de Babalon, à espera do adepto no lado oposto ao abismo rumo a Cidade das Pirâmides...
A partir desse questionamento resolvi fazer uma pesquisa para entender um pouco o motivo. A coleta de dados foi feita através de um questionário, com quatro perguntas, respondidas por quinze mulheres, todas aspirantes a Thelema, pertencendo a A.’.A.’. ou familiarizadas à Santa Ordem. O objetivo do questionário foi conhecer o perfil da Mulher Thelemita, assim como analisar o ponto de vista de cada uma sobre a sua importância no meio thelêmico, e possíveis razões pelas quais há carência de mulheres no sistema. Foram utilizadas as respostas mais significativas no conteúdo desse texto.
Durante o processo de coleta de informações, me deparei com um público feminino com diferentes perfis. A maioria das contatadas se mostraram bem receptivas e solícitas em responder as perguntas. Algumas se interessaram plenamente pelo assunto, a ponto de agradeceram por estarem colaborando para a exposição de um tema tão relevante. Em contrapartida, outras não deram muita significância à pesquisa, nem querendo participar.
Quanto ao questionário aplicado, primeiramente foi perguntado sobre o que as fez escolher por Thelema e/ou a Santa Ordem. Ambas responderam que além da identificação pela filosofia de Thelema, a convivência e o relacionamento com thelemitas influenciaram no desejo de aprofundar nos estudos ou até mesmo a pertencer a uma Ordem Thelêmica.
“...não me senti escolhendo, me senti indo e quando vi já tava lá, já fazia parte... O que mais me atraiu foi o pensamento cientifico experimental por trás. Não me sentia uma esotérica louca ali - sempre me atrai por assuntos de ocultismo mas demorei a cair no certo, nunca me senti a vontade com Wicca e etc... não teria ninguém me ditando regras e havia uma atração pela força de querer buscar a si e viver genuinamente.”*
“...Eu não entendi de primeira que estava escolhendo Thelema. Me envolvi no Calen pelo tema magia e aos poucos fui me entendendo como uma estudante de Thelema e não somente de magia. O que mais me atraiu foi a busca pela verdadeira vontade e a necessidade sincera de se dedicar a esse caminho.”*
“...eu frequentava diariamente o IRC e tinham muitos canais de Ocultismo, Wicca, Satanismo, Thelema, etc. e nas conversas diárias com os amigos que fiz lá, fui me aprofundando e tendo mais interesse em Thelema, em Crowley... achei Thelema um sistema completo. Crowley uniu varias coisas em uma e funciona bem. Aceitei a lei de Thelema, o líber AL e o líber OZ, e a partir dali dei segmento em Thelema e em sua filosofia, mais pra frente um pouco, em 2002 tive interesse na A.A tanto pela organização de estudos que a A.A propõe, também pelas praticas individuais. Eu particularmente não gosto de prática coletiva como é feita na O.T.O., portanto a A.’.A.’. caiu como uma luva nesse quesito.”*
“Antes de escolher a A.’.A.’. eu já me considerava thelemita, porém sentia uma necessidade de participar de alguma ordem... Pesquisava sobre outras ordens na época, depois percebi que não sou o tipo de pessoa que gosta de conviver em clubes, então eu decidi escolher a A.’.A.’... Eu gosto da A.’.A.’., por ter um compromisso consigo mesmo, você não está enganando ninguém e se enganar estará trapaceando consigo mesmo.”*
Sobre grupos thelêmicos em redes sociais, a maioria das entrevistadas disse serem participativas, porém preferindo interagir quando se sentirem a vontade. Algumas participantes disseram acompanhar apenas as postagens, outras perderam a paciência com discussões em grupos do Facebook. E ainda teve uma irmã que disse não participar:
“Não, pois não me considero thelemita. Sou apenas uma pessoa que estuda Thelema. Não conheci quem realmente seguisse a Thelema, vejo apenas thelemitas que vivem um extremo caos mental, onde todos pensam ser dono da real solução. Engolidos pelo próprio ego, se acham herdeiros de uma doutrina que nem eles mesmo seguem. Apenas status, apenas o sentido de escrever longos textos de palavras bonitas que nem mesmo eles entendem, apenas o ego de ser parte de um grupo fechado, uma tribo, onde um aplaude o outro (enxergando apenas seu próprio ego).”*
Seguindo no contexto, foi questionado às participantes, se elas já tinham encontrado alguma resistência, por parte do público masculino, quanto a expor opiniões em grupos thelêmicos, tanto em redes sociais, quanto presenciais. Como resposta, foi dito que em grupos presenciais, encontrar resistência ao interagir é mais difícil. No geral há respeito, receptividade, e o tratamento entre homens e mulheres é o mesmo, porém não deixaram de sinalizar que há grupos e grupos.
Já nas redes sociais, a situação muda de figura. Poucas disseram encontrar resistência ao se exporem, mas todas já foram interpeladas em algum momento, com críticas nem sempre construtivas. As maiores reclamações foram a respeito de serem recebidas com respostas machistas, em tons de ironia e subestimando conhecimento. Atitudes, as quais testam a paciência e desmotivam a terem maiores participações nos grupos de conversa. É de fácil compreensão que por detrás de uma tela, crianças viram leões (deixemos claro que isso acontece com ambos os sexos).
“Já estive em algumas tretas grandes em grupos e canais de Youtube pela camiseta Not Your Babalon, com ameaça mágica e vídeos contra eu e Raquel. Além de discussões machistas públicas que inclusive repercutiu entre nosso grupo pessoalmente. Diminui bastante minha interação após isso.”**
“...Não sei como a minha opinião é recebida, já recebi muitas criticas e elogios ao mesmo tempo, coisa que também faço para as outras pessoas algumas vezes, então acho justo as pessoas não concordarem ou concordarem com o que eu falo...”*
“Se grupos forem entendidos somente os de redes sociais, sim. Acho que esses ambientes online são bem hostis com mulheres. Já puxei algumas discussões dentro da comunidade do Thelema BR e a resposta é sempre bem complicada. Fui chamada de Thelemita Herege, já foi xingada, já fui questionada… mas enfim… apesar de ver essa hostilidade, não me sinto afetada porque nas comunidades “offline”, nas comunidades presenciais, encontrei bastante respeito e apoio.”*
“Não encontrei resistência. Mas já fui refutada e nesse caso, foi por alguém que contribuiu para meu aprendizado. Se todas as conversas fossem assim... Na maioria das vezes que observo o grupo, vejo pessoas se chamando de thelemitas (não me considero thelemita, ainda tá cedo pra qualquer definição) discutindo bobagens sobre uma outra bobagem.”*
“Resistência em si comigo não, mas já vi com outras pessoas, mas o grande problema em grupos de redes sociais é as vezes (ou muitas vezes) as pessoas não respeitarem a opinião dos outros, tem que ver que todo homem e toda mulher é uma estrela e vive em sua órbita particular, então cada um tem um jeito de pensar, de fazer as coisas... A gente tem que ver se quem oferece “resistência” são os thelemitas de verdade mesmo, estudiosos e praticantes que levam para sua vida a filosofia de Thelema e o entendimento do que é Thelema, ou se são os fanfarrões, esses são maioria nos grupos.”*
“Eu não vejo porque simplesmente não participo, mas não me parece nada confortável entrar lá e debater as coisas... tudo é motivo de piada e deboche.”
Para fechar a entrevista, foi feita a pergunta que não podia faltar: “A maioria dos Aspirantes a Thelema são homens, você já parou para refletir sobre isso? Alguma sugestão?”
“Acho que o machismo estrutural da nossa sociedade junto com o fundamentalismo religioso cada vez maior ajuda nisso. Mulheres já mal falam de sexo, não são incentivadas a se descobrir e a desenvolver seu poder, sequer a ter opinião. Além de todo o estigma da bruxa e de se querer estudar magia. O ambiente se torna facilmente hostil e fácil de se aproveitar das mulheres.”* A entrevistada complementou que sempre foi muito bem recebida no grupo ao qual faz parte e pelas pessoas que conheceu em eventos.
“Uma vez eu estava conversando com uma garota e ela disse: “Você é tão legal, não entendo o motivo de você ser thelemita.”. Eu acho mais interessante pensar nas mulheres do que no excesso de homens no meio. Por que uma mulher se interessaria por Thelema? Na época que fazia algumas postagens sobre feminismo libertário em um grupo de Thelema no Facebook recebi uma mensagem no privado de um artigo falando que Crowley era misógino. A única coisa que eu conseguia pensar é: “Crowley está morto.” Acredito que temos que estar preparados para o agora, temos mulheres incríveis que fizeram parte da história de Thelema, não me considero “Crowleyista”(alguém que segue o que Crowley com unhas e dentes), mas reconheço que ele teve muitos erros e que talvez ele tenha reconhecido com o passar dos anos, ou não. Isso realmente não me importa. Talvez o nosso papel seja divulgar novamente sobre essas mulheres e fazer a nossa parte. Acho que ser mulher thelemita é um papel relevante principalmente quando se tem uma percepção distorcida sobre magia sexual pelos homens. Como mulher que parece ter um papel secundário na magia, hoje é considerada a protagonista da história.”*
“Acho que é um problema sistêmico. Nossa sociedade é machista, a A.’.A.’. é machista. Entende? Não acho que seja algo específico sobre a A.’.A.’. e sim sobre homens. Acho que na A.’.A.’. isso é refletido também por ter sido estruturada por homens. Mas acredito que estamos em um momento de revisão dessa estrutura e vejo o surgimento de muitas irmãs interessadas nessa quebra e nessa construção. Não acredito que haja uma sugestão e sim uma agência. Acredito que o trabalho das pessoas interessadas e os encontros de vontades vão poder modificar alguma coisa nisso.”*
“No meu ponto de vista, para a Santíssima Fraternidade é questão de chamado e oportunidade de acesso. Creio que esses números tendem a se equalizar como acontece em universidades. Para os grupos, o que dificulta é a forma de comunicação, uma vez que as mulheres são outra polaridade. Enquanto os homens usam mais o elemento ar, eles são muito mais intelectuais (isso não significa que saibam algo realmente, ficam discutindo apenas conceitos que muitas vezes não compreenderam em sua essência); as mulheres são mais sensitivas, mais tácteis...”*
“Acredito que os homens saibam lidar melhor com a liberdade do que as mulheres... Os homens tem mais interesse pelo desconhecido, possuindo em sua maioria, uma força de vontade mais firme e não se deixam levar por ilusões estúpidas. Para a mulher falta coragem de entrar em um caminho mais desconhecido... Acho que a mulher tem que ter a curiosidade e a ousadia dos homens para encarar o lado desconhecido da vida.”*
“... além do machismo do dia a dia, me parece que os homens não levam as experiências femininas a sério... Talvez menos mulheres sejam adeptas por não se sentirem lá muito seguras num ambiente tão masculino.”*
“...o interesse ou falta de interesse, tem mulheres que preferem ir para outras vertentes do ocultismo, ou tem mulheres que preferem ficar em grupos só de mulheres, ou acham outra vertente mais interessante... Em grupos de redes sociais não da pra tirar uma base de machismo dentro de Thelema, porque muitos não são thelemitas, estão lá de curiosidade, ou porque acharam bacana algo dentro de Thelema... tem gente que só entra pra causar etc., ... casos de machismo com as mulheres, ou até mesmo casos de preconceito contra, gays, transexuais etc., as vezes vem dessas pessoas que eu citei que não são thelemitas... Um local bom para efetuar pesquisas sobre a existência do machismo em Thelema são em Ordens que fazem trabalhos coletivos, porque como tem mulheres e homens juntos com encontros presenciais, e praticas ritualísticas, as mulheres poderiam dizer com exatidão se já sofreram casos de machismo ou resistência ou coisa parecida.”*
Ser mulher, desde que o mundo é mundo (talvez no Eon de Ísis fosse um pouco diferente) nunca foi fácil. Já vem de nossas ancestrais sermos criadas para permanecermos na sombra do homem, e isso infelizmente já se tornou parte do nosso DNA. Por milagre, diversas Super Mulheres foram nascendo com esse DNA modificado e semeando através dos séculos uma nova consciência do Valor Feminino, que aos poucos vem sendo cultivada, ganhando mais força e sendo colhida nessas ultimas gerações.
No início do século XX, Thelema surgia como uma das filosofias que reconhecia o Poder Feminino como indispensável ferramenta de trabalho, onde o Sagrado Feminino se tornava uma das principais buscas do Aspirante a Thelema durante todo o seu processo iniciático. Lamentavelmente, existe por parte de muitos a má compreensão da busca por esse Sagrado, convertendo-o na procura por uma entidade e não por uma essência, o que acaba por influenciar um olhar equivocado no papel do feminino dentro da filosofia.
Temas como Magia Sexual, por exemplo, muitas vezes tratados de maneira errônea no meio thelêmico, estão se tornando banalizados por aqueles que se julgam thelemitas sem serem. É importante destacar, que falar em sexo no universo feminino ainda gera desconforto para muitas mulheres em pleno século XXI. Assim, como o machismo, a banalização e a falta de esclarecimento de assuntos ditos polêmicos, contribuem e muito para afugentar o público feminino.
Em contrapartida, quando bem disseminada, a filosofia de Thelema trás a nós mulheres a liberdade de podermos ser plenas conosco mesmas, sem amarras, sem aceitar qualquer tipo de subestimação, de aceitar nossa sexualidade nos tornando donas dela. Thelema nos ensina a soltar os grilhões dessa cultura machista incrustada no nosso DNA.
Contudo, Thelema é Feminina, a A.’.A.’. é Feminina e nós Mulheres iremos, mesmo que de pouco a pouco, conquistar os nossos devidos papéis em Thelema (e no mundo), com respeito, reconhecimento e igualdade. Espertos são aqueles que conseguem enxergar o valor inestimável que nós temos dentro desta filosofia.
Às Irmãs da A.’.A.’. União;
Às Irmãs Aspirantes à Thelema, Força;
E às demais, Um Convite!
Meus sinceros agradecimentos às Sorores e às Estudantes de Thelema, todas, mulheres guerreiras, que contribuíram para que esse texto nascesse.
Amor é a Lei, Amor sob Vontade
93,93/ 93
Astrum Argentum: The Order That Exalts the Search for the Sacred Feminine, Needing Women
ΚΕΦΑΛΗ Γ
THE OYSTER
The Brothers of A.".A.". are one with the Mother of the Child.
The Many is as adorable to the One, as the One is to the Many.
This is the Love of These; creation parturition is the Bliss of the One; coition-dissolution is the Bliss of the Many.
The All, thus interwoven of These, is Bliss.
Naught is beyond Bliss.
The Man delights in uniting with the Woman; the Woman in parting from the Child.
The Brothers of A.'.A.. are Women: the Aspirants to A.'.A.'. are Men.
(Liber CCCXXXIII)
I will start this speculation by telling a little of my experience with Thelema. I met Thelema, just as I knew of Orders such as O.T.O. and A.'. A.'. just over ten years ago. At the time I was involved in Wicca, in that phase of thirst for knowledge, obsessed with retrieving all the spiritual memory of my connection with magic (I personally believe that once a wizard, always a wizard, and that in every life there will be somehow this ransom).
At that moment I saw Thelema as crazy, but very attractive and inviting, especially for my affinity and preference for the Occult Sciences. But I told myself that I wouldn't go into such a thing (deep down I knew that if I entered, that would be no return).
I was disappointed with Wicca, following another spiritualist path, until years later magic came knocking on my door again. Okay, I couldn't resist, and this time more mature, here I am. And of course, at the right time, Thelema abducted me through the Holy Order.
This return to magic came through a study group of thelemites to present and teach the basic curriculum of Golden Down and A.'. A.'. I lived in this group for a year, participating in the courses, as well as events and parties, and that was why one fact caught my attention: the group was composed almost of men; those who sought the courses were mostly men; I saw myself at events that were just me and two women, in the middle of fifteen, twenty men. Predictably, when I joined thelemic groups on social networks, especially Astrum Argentum Brasil, I came across the same problem: over 80% of the members are men.
But why?
Next to A.'.A.'. which is regarded as feminine, which extols the search for the female creative counterpart in the figure of Babalon, waiting for the adept on the opposite side of the chasm towards the City of the Pyramids...
From this question I decided to research to understand a bit the reason. Data collection was done through a questionnaire with four questions answered by fifteen women, all aspiring to Thelema, belonging to A.'. A.'. or familiar with the Holy Order. The objective of the questionnaire was to know the profile of the Thelemite Woman, as well as to analyze their point of view about their importance in the thelemic environment, and possible reasons why there is a lack of women in the system. The most significant answers were used in the content of this text.
During the information gathering process, I came across a female audience with different profiles. Most of the contacts were very receptive and helpful in answering the questions. Some were fully interested in the subject, to the point of thanking them for contributing to the exposition of such a relevant topic. In contrast, others did not give much significance to the research, nor wanting to participate.
As for the questionnaire applied, it was first asked what made them choose by Thelema and/or the Holy Order. Both responded that in addition to identification by the philosophy of Thelema, coexistence and relationship with Thelemites influenced the desire to deepen their studies or even to belong to a Thelemic Order.
“… I didn't feel choosing, I felt going and when I saw I was already there, it was already part… What attracted me most was the experimental scientific thinking behind it. I didn't of wanting to seek the themselves and live genuinely. ”*
“… I didn't understand at first that I was choosing Thelema. I got involved in Calen for the magic theme and gradually I understood myself as a student of Thelema and not only of magic. What attracted me most was the search for true will and the sincere need to devote to this path. ”*
The interviewees belonging to A.’. A.’. revealed that one of the reasons for the choice was that the Holy Order did not have a physical space, making the commitment exclusively to the aspirant to her or himself.
“… I attended IRC daily and had many channels of Occult, Wicca, Satanism, Thelema, etc. And in the daily conversations with the friends I made there, I went deeper and more interested in Thelema, Crowley... I found Thelema a complete system. Crowley has put several things together and it works well. I accepted the law of Thelema, Liber AL and Liber OZ, and from there I gave segment in Thelema and its philosophy, a little later, in 2002 I was interested in AA so much for the organization of studies that AA proposes, also by individual practices. I particularly don\"t like collective practice as it is done in O.T.O., so A.'. A.'. fell like a glove in that regard. ”*
“Before choosing A.’. A.’. I already considered myself a Thelemite, but I felt a need to participate in some order ... I researched other orders at the time, then realized that I am not the type of person who likes to live in clubs, so I decided to choose A.'. A .'... I like A.'. A.'., by having a commitment to yourself, you are not fooling anyone and if you are fooling yourself you will be cheating on yourself. ”*
About thelemic groups on social networks, most of the interviewees said they were participative, but prefer to interact when they feel comfortable. Some participants said they only follow the posts, others have lost patience with discussions in Facebook groups. And there was a sister who said not to participate:
Following in the context, the participants were asked if they had already encountered any resistance from the male public to expose opinions in thelemic groups, both social networks and face-to-face. In response, it has been said that in face-to-face groups, finding resistance to interacting is more difficult. In general there is respect, receptivity, and the treatment between men and women is the same, but they did not fail to signal that there are groups and groups.
In social networks, however, the situation changes. Few said they encountered resistance in exposing themselves, but all were already challenged at some point, with not always constructive criticism. The biggest complaints were about being greeted with macho responses, in tones of irony and underestimating knowledge. Attitudes, which test patience and discourage greater participation in conversation groups. It is easy to understand that behind a screen children saw lions (let's make it clear that this happens to both sexes).
“I've been to some big bullshit on groups and Youtube channels for the Not Your Babalon T-shirt, with magical threat and videos against me and Rxxx (omitted name). In addition to public chauvinistic discussions that even reverberated between our group personally. It greatly
diminished my interaction after that. ”**
“… I don't know how my opinion is received, I've received a lot of criticism and compliments at the same time, which I also do to other people sometimes, so I think it's fair that people don't agree or agree with what I say. . ”*
“I found no resistance. But I was already refuted, and in this case, it was someone who contributed to my learning. If all conversations were like this ... Most of the time I watch the group, I see people calling themselves Thelemites (I don't consider myself Thelemite, it's still early for any definition) discussing nonsense about another nonsense. ”*
“Resistance in itself with me not, but I've seen it with other people, but the big problem in social networking groups is sometimes (or often) people don't respect the opinion of others, you have to see that every man and every woman is a star and lives in its own orbit, so each one has a way of thinking, of doing things ... We have to see if the ones who offer "resistance" are the real thelemites, scholars and practitioners who lead to their the philosophy of Thelema and the understanding of what Thelema is, or if they are the bucks, these are the majority in the groups. ”*
“I don't see why I just don't participate, but I don't feel comfortable getting in there and debating things… it's all joke and mockery.”
To close the interview, the question that could not be missed was asked: “Most Thelema Aspirants are men, have you ever stopped to reflect on this? Any suggestion?"
“I think the structural chauvinism of our society along with the ever-increasing religious fundamentalism helps in that. Women who are barely talking about sex are not encouraged to discover and develop their power, even to have an opinion. Beyond all the witch's stigma and wanting to study magic. The environment becomes easily hostile and easy to take advantage of women. ”* The interviewee added that she was always very well received in the group to which she belongs and by the people she met at events.
"One time I was talking to a girl and she said," You\"re so nice, I don't understand why you're a Thelite. " I find it more interesting to think of women than too many men in between. Why would a woman be interested in Thelema? At the time I was doing some posts about libertarian feminism in a Facebook Thelema group I got a private message from an article saying Crowley was misogynist. The only thing I could think of is, "Crowley is dead." I believe we have to be prepared for now, we have amazing women who were part of Thelema's story, I don't consider myself "Crowleyist" (someone who follows what Crowley with tooth and nail), but I recognize that he has had many mistakes and that he may have recognized over the years or not. It really doesn't matter to me. Perhaps our role is to spread again about these women and do our part. I think being a Thelemite woman is a relevant role especially when one has a distorted perception of sexual magic by men. As a woman who seems to have a secondary role in magic, she is now considered the protagonist of history. ”*
“I think it's a systemic problem. Our society is sexist, the A.'. A.'. is macho. You see? I don't think it's anything specific about A.'. A.'. And yes about men. I think in A.'.A.'. This is also reflected by being structured by men. But I believe we are in a moment of revision of this structure and I see the emergence of many sisters interested in this breakdown and construction. I don\"t believe there is a suggestion, but an agency. I believe that the work of interested people and the meeting of wills can change something about that. ”*
“In my view, for the Holy Order, it is a matter of calling and opportunity for access. I believe these numbers tend to equalize as they do in universities. For groups, what hinders is the form of communication, since women are another polarity. While men use the air element more, they are much more intellectual (this does not mean that they really know something, they are only discussing concepts that they often do not understand in their essence); women are more sensitive, more tactile... ”*
“I believe that men know how to handle freedom better than women…. Men have a greater interest in the unknown, most of them with a firmer willpower, and they are not fooled by stupid delusions. The woman lacks the courage to enter a more unknown path ... I think the woman has to have the curiosity and daring of men to face the unknown side of life. ”*
“…Apart from the chauvinism of everyday life, it seems to me that men don't take women's experiences seriously… Maybe fewer women are adept at not feeling so safe there in such a masculine environment.”
The research results did not surprised me, just as I believe it will not surprise you either.
Being a woman, since the world is world (maybe in Eon of Isis was a little different) has never been easy. It comes from our ancestors being created to remain in the shadow of man, and that has unfortunately become part of our DNA. Miraculously, several Super Women were born with this modified DNA and sowing through the centuries a new awareness of Feminine Value, which is slowly being cultivated, gaining more strength and being harvested in recent generations.
At the beginning of the twentieth century, Thelema emerged as one of the philosophies that recognized Feminine Power as an indispensable tool of work, where the Sacred Feminine became one of the main pursuits of Aspirant to Thelema throughout its initiatory process. Regrettably, there is a misunderstanding on the part of many of the search for this Sacred, turning it into the search for an entity and not for an essence, which eventually influences a mistaken view on the role of the feminine within philosophy.
Themes such as Sexual Magic, for example, often mishandled in the Thelemic milieu, are becoming trivialized by those who think they are Thelemites without being. Importantly, talking about sex in the female universe still creates discomfort for many women in the 21st century.
Thus, as chauvinism, trivialization and lack of clarification of so-called controversial issues, contribute a lot to scare away the female public.
On the other hand, when well disseminated, Thelema's philosophy gives us women the freedom to be full with ourselves, without strings attached, without accepting any kind of underestimation, of accepting our sexuality by making it our own. Thelema teaches us to release the shackles of this macho culture embedded in our DNA.
However, Thelema is Feinimne, A.'. A.'. She is Feminine and we Women will, even if little by little, conquer our proper roles in Thelema (and in the world) with respect, recognition and equality. Smart are those who can see the priceless value we have within this philosophy.
To the sisters of A.'. A.'.,Unity;
To the Aspiring Sisters to Thelema, Strength;
And the others, An Invitation!
My sincere thanks to the Sorores and the Thelema Students, all warrior women, who contributed to this text being born.
Love is the law, love under will.
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