Raízes.

 

 

Uma das buscas que ocorre em nossa jornada é a fixação de nossas raízes. Não somente buscar conhecer a ancestralidade que nos permeia, que corre em nossas veias como pequenos filamentos em uma árvore a alimentar com a seiva da bagagem que trazemos, bem como buscamos fixar melhor as raízes na terra para que possamos ter bases firmes para suportar o crescimento que se ergue em direção aos céus.

São essas raízes que trazem nosso alimento, e são elas que também favorecem uma troca justa entre os elementos. Vou usar como referência “A Árvore do Mundo” que aparece em diversas mitologias, como  Yggdrasil , na mitologia nórdica:

"Localizada no centro do Universo ligava os nove mundos da cosmologia nórdica, cujas raízes mais profundas estão situadas em Niflheim, um mundo sombrio onde ficavam várias árvores assombradas e solo onde não se produzia nada, escuridão profunda com gigantes e terríveis monstros. O tronco era Midgard, ou seja, o mundo material dos homens; a parte mais alta, que se dizia tocar o Sol e a Lua, chamava-se Asgard (a cidade dourada), a terra dos deuses, e Valhala, o local onde os guerreiros Vikings eram recebidos após terem morrido, com honra, em batalha."



Na mitologia eslava:

Prav, Yav, Nav e Slav

“De acordo com a cosmologia Ynglist, a realidade consiste nas três dimensões reconhecidas pela cosmologia Rodnover comum, Prav (lit. " Direito "), Yav (Явь, lit. "manifestado") e Nav (Навь, lit. "não manifestado").

 Os Ynglists, entretanto, distinguem um quarto conceito que define uma parte de Nav, eslavo (Славь, lit. "glória"). Prav é o plano transcendental dos deuses, que seguem a lei correta (o Ynglia) de Ramha; Yav é o plano material no qual todas as entidades estão encarnadas; Nav é o mundo do espírito / movimento, que pode ser Bright Nav (Светлый Навь, Svetly Nav ) ou Dark Nav (Темный Навь, Temny Nav ). 

Bright Nav, também chamado de eslavo, é a dimensão dos ancestrais celestiais, enquanto Dark Nav é a dimensão dos demônios ctônicos. No esquema cosmológico, o Bright Nav está acima enquanto o Dark Nav está abaixo, e o Yav é o limite entre os dois e pode se desenvolver de acordo com os modelos de ambos. Além disso, Prav é supra-mental, enquanto Nav - consistindo nos movimentos dos asterismos do Céu - é meramente astral se escuro, mas astral e mental se brilhante (eslavo), e Yav é físico, fenomênico. ”.




Na cultura celta, como segue abaixo:

"A árvore da vida na cultura celta não nos dá uma estrutura hierárquica tão rígida como, por exemplo, a Yggdrasil escandinavo.

Os celtas percebiam as árvores como algo mais integral, um símbolo como tal. A veneração das árvores pelos celtas era diferente da tradição alemã primeiro porque os celtas tinham templos e deuses não relacionados a árvores, e em segundo lugar, porque nem toda árvore e nem todo bosque eram sagrados.

Uma árvore sagrada poderia ser a que cresceu em um lugar de Poder ou santuário, de forma que rituais poderiam ser construídos ao lado dela e que a árvore seria “incluída” no Lugar Santo, como uma fonte de força e energia, uma representação viva das forças divinas da natureza."




Há essas e tantas outras referências para as árvores, e em muitas culturas ganham destaque como sagradas, uma delas bem conhecida é o Carvalho.

Ao redor de todo o mundo, o conceito da “Árvore Cósmica” existe, cada um ligado a tradição local, onde relatam os 3 mundos, ou no caso até um outro mais, porém sempre nos dando a noção de que temos um tronco existente no plano material, os galhos que sobem em direção aos céus, e tocam as esferas celestes, e as raízes que descem em direção ao mais profundo, onde em alguns sistemas se tratam justamente dos “mundos sombrios”.
Analogias interessantes são feitas, tanto com relação a necessidade de buscar fincar raízes para que a estrutura seja firme, e, como mencionei acima, ocorra um fluir de energia e uma troca, bem como a importância de tocar essas sombras.

Não somente somos seres que tocam ou querem tocar os céus. Somos uma completude desses mundos para que possamos saber de fato quem somos. Esferas celestiais podem nos trazer diversos aprendizados, meios de se agir enquanto corretos, acertados e morais, porém sem o contraponto de saber que também somos sustentados por nossas partes sombrias, a árvore enfraquece e cai. 
Ventos que sopram as vezes leves e se tornam rajadas tempestuosas podem abalar nossas estruturas, e sem perceber não temos mais como nos sustentar.


“Meus adeptos ficam de pé ; suas cabeças acima dos céus, seus pés abaixo dos infernos”.
– “Liber Tzaddi”, linha 40


Esse simbolismo da árvore tem aparecido muito em meus pensamentos ultimamente, e observar na própria natureza essa relação torna tudo muito mais bonito. Cada árvore com seu tronco, retorcido ou não, seus galhos desafiando a gravidade, seguindo em direção aos céus com pequenas folhas que despontam sem nem percebermos. As raízes.... Ah as raízes que não estão visíveis, mas sabemos que estão lá, porque se não estivessem o tronco não teria sustentação, a árvore não teria vida.


Essa observação do próprio entorno é muito importante, pois, por mais simples que pareça é a experiência que nos traz o melhor aprendizado, pois não somente aprendemos, como também apreendemos aquilo que não deve ficar só no plano da intelectualidade, mas ir para o sentir, sendo gravado assim em nós a experiência como válida e real.


Portanto, penso ser importante buscarmos tanto nossas raízes em relação ao que somos, ao que nos é familiar, sendo tradição, ancestralidade. Também as raízes relacionadas com tudo aquilo que nos atrai e sabemos que nos direciona em nossa busca e aprendizado. Fincar as raízes para criar uma boa base de sustentação, e aprofundá-las sem medo de tocar nossos cantos mais profundos.


Soror Ὑπατία


Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Yggdrasil

https://stringfixer.com/pt/Ynglism

https://en.wikipedia.org/wiki/Prav-Yav-Nav

https://kaviah.com/a-arvore-da-vida/

https://www.vivernatural.com.br/esoterismo/arvore-da-vida-celta-significado-e-valores/

https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/oracula/article/view/5873

Liber Tzaddi vel Hamus Hermeticus. sub figurâ XC. Publicação da AA em Classe A. Imprimatur: N. Fra AA.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estudos Diminutos sobre o Liber 44 ou a Missa da Fênix.

O Aeon da Criança Coroada e da Mulher Empoderada

Osíris é um Deus Negro?