Os excessos...

 


Os excessos...

 

A palavra em si já traz uma conotação negativa. Sabemos que coisas em excesso fazem mal. Seja até algo prazeroso, um remédio, uma comida... Refletindo no modo como lidamos com nossos estudos e práticas, sempre buscamos um equilíbrio, mas muitas vezes nos perdemos, seja na inércia, dispersão, desânimo, seja no turbilhão que nos colocamos e caímos no extremo oposto, o do excesso.

Iniciamos a jornada, os estudos e tudo é deslumbrante. Há uma lista de coisas a ser lida, e uma infinidade de coisas a ser estudada. E é aí que mora o perigo. Abrimos um livro, nele há uma referência de um outro, e mais um outro. Queremos abarcar tudo, pois uma referência acaba se tornando importante para a compreensão de algo naquele primeiro livro que estávamos lendo. Porém, logo é como se estivéssemos com 30 abas abertas no navegador de internet (e quem me conhece sabe que isso ocorre comigo com frequência). De repente, estamos perdidos. Há tanto a se ler, a se estudar, e cada hora aparece algo mais, e a mais.

Pode ocorrer que travemos, justamente por não saber qual melhor rumo tomar. É muita coisa a se estudar, e por conta própria vamos agregando ainda mais coisas. Um texto que alguém sugeriu aqui, um livro que outro mencionou ali.



Vivemos uma era de muitas informações e de acesso fácil a tudo. Por um lado, é vantajoso, encontramos as coisas com muita facilidade, mas por outro nos traz esse excesso todo, e muitas vezes até de coisas inúteis.

Esse é praticamente um relato pessoal de quem passa por isso, embora eu acredite que vá fazer eco em muitas pessoas. Dentro desse turbilhão, um monte de sentimentos passa a ocorrer: frustração, irritação, desânimo. No meu caso, tento me organizar, tento priorizar, mas vejo que em muitas ocasiões falho miseravelmente. E então penso: “sem ânsia de resultado”, mas também sem me deixar levar pelo “depois eu vejo isso”.

Thelema, em minha opinião é algo muito interessante justamente pela liberdade que nos dá de podermos entrar em contato com inúmeras coisas, mas por outro lado é uma faca de dois gumes, pois o leque é tão diverso que além da dispersão pode trazer essa coisa do excesso em que queremos tudo, e podemos acabar sendo rasos justamente nessa miríade de coisas.



Novamente, trago aqui quase um desabafo. Parecer que estou empilhando livros, textos, artigos no canto do quarto e olhando para eles quase que com vergonha de nem saber por onde dar continuidade. Talvez, a necessidade seja focar naquilo que é mais importante.

Acredito que falar seja mais fácil do que colocar em prática, porém é um exercício de disciplina. Confesso que estou tentando me livrar dos excessos, mas por outro lado também sair da própria inércia. Lidando com os ajustes, com a busca desse equilíbrio.

Os próprios estudos e práticas tentem a mexer conosco de uma forma muito interessante, e acredito que seja muito bom aproveitar justamente esses momentos para procurarmos perceber aquilo que nos afeta, positiva ou negativamente, e buscar ver onde estamos cometendo os erros, seja da inércia, seja dos excessos.

Vamos sempre ter muitos livros para ler, muitos textos e isso é de fato muito legal, principalmente para quem gosta de verdade. Outros podem sentir que é assustador. Mas essa é também a graça da coisa toda. É preciso ter esse aprofundamento, esse contato, e celebremos, novamente, a internet que nos proporciona tudo com muita facilidade.


Buscar o equilíbrio em todas as áreas, todas as formas, todos os níveis é o mais sábio a ser feito. Sem esse equilíbrio torna-se quase impossível seguir adiante em nossas jornadas. Pelo menos seguir adiante de uma forma saudável, pois quando não há essa harmonia, sempre algo vai tender ao excesso ou à falta.

Nos resta observar e manter o lastro em seu devido lugar...


Soror Ὑπατία

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