Ao que procura
Ao que procura
Por frater Thor (Euclydes Lacerda de Almeida)
Originalmente na Revista Khem anos 90
Caro Procurador:
Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.
Há muito que fazer e pouco tempo para realizar. Assim mesmo,
devemos trabalhar como se tivéssemos a Eternidade e a Imortalidade à nossa
disposição – isto é, como dito no Livro da Lei: “Livre da ânsia de resultado”.
O “Caminho” que você deseja trilhar é árduo e sinuoso, e
muitos serão os obstáculos que levantar-se-ão `a sua passagem; mas você não
deve se preocupar com isto. Vencidas as ordálias, elas se transformarão em
flores a perfumarem suas vitorias – quanto maior o obstáculo, mais precioso
será o perfume da vitória. Portanto, foi dito que a COROA DO INICIADO SEJA
TECIDA E FLORIDA COM ESPINHOS.
Mas, veja bem, não dê nenhum significado romano-alexandrino
a esta frase. Pois aquela “cena” do coroamento do Adepto YHShVH, copiada pela
Igreja de Roma, para atender a fins inconfessáveis, deve ser seriamente
analisada como uma maliciosa deturpação do ARCANO.
A Coroa de Espinhos, isto é, KETHER, deve irradiar além da
cabeça do Iniciado (no sistema oriental, o chakra Sahasrara). Coroa indica
“realeza”, e para sermos “reis” necessitamos, antes de tudo, conquistar o
REINO, quer dizer, MALKHUT, a mais baixa sephira no simbólico esquema chamado
ÁRVORE DA VIDA.
Devemos, pois, inspirar nossas vidas pelo AMOR guiado pela
Vontade – “Amor é a Lei, Amor Sob Vontade”.
Saiba que todas essas “conversas” vindas de Roma são
deturpações dos reais símbolos da Iniciação – por acaso não é Roma o inverso de
Amor?
A vida iniciática baseia-se fundamentalmente na prática
constante pela vida inteira do estudante. Coisa alguma pode ser ensinada, Tudo
deve ser conquistado. Quando muito, o Instrutor oferece “pistas”. Ao discípulo
da ARTE REAL cabe a tarefa individual de testá-las e segui-las, verificando,
pela experiência pratica e nos limites de sua capacidade, o calor ou não delas.
Eu segui muitas vezes falsas pistas. Entretanto, elas me
ensinaram a necessidade da humildade em assumir meus próprios erros, e
transformá-los em degraus para a Grande Escalada.
As Grandes Verdades habitam nas mais simples e corriqueiras
coisas deste mundo, portanto, ao homem do mundo profano, elas nada dizem; e ele
passa sem observá-las obsedado como está por imagens da Ilusão (Maia).
A ideia de “salvação” vinda do exterior, através de um
“deus”, ou “anjo”, ou “demônio”, ou “guru”, ou “messias”, ou lá o que seja – ideia
esta a qual os preguiçosos ligados ao Romanismo se consolam – torna-se inconcebível
tão logo estejamos conscientes de nossa própria Natureza Divina. Cuide-se,
assim, contra todos que o querem “salvar” por procuração. Não existe e nunca
existirá nenhum intermediário entre o homem e Deus, da mesma forma que não
existe intermediário entre o homem e sua consciência.
O limitado conhecimento que tenho e que pretendo lhe
transmitir, se assim você o desejar, não é descoberta pessoal minha, e nem o
adquiri através de vias “transcendentais” por benéfica interferência de seres
angélicos ou demoníacos. Mas, sem as devidas chaves que nenhum livro fornece,
eu não teria a menor chance em alcançar este conhecimento. Estas “chaves” foram
entregues a mim por aquele personagem que é identificado, em vários de meus
escritos, sob a denominação de “Instrutor”, principalmente em “MEU VERDADEIRO
NOME”.
Com aquele Instrutor, que pode ter sido “um” ou “muitos”
(mas que eram homens encarnados e iguais a quaisquer outros. Convivi durante
anos na condição de discípulo, até que nossas vias se separaram, cada qual
seguindo sua própria trajetória, como escrito no LIVRO DA LEI: “Todo homem e
toda mulher é uma estrela”.
Da posse destas chaves é que consegui desenvolver, no
decorrer do longo tempo, todo um esquema de estudos e práticas que agora fazem
parte de minha bagagem oculta. Entretanto, esta consecução não se deu antes de
várias quedas, erros os mais abjetos, indecisões vergonhosas, medos e,
finalmente, alguns acertos.
Não sei como, quando, ou mesmo se você
conseguirá atingir a realização deste ideal que agita sua mente e arde em seu
coração. Mas, lhe asseguro valer a pena a tentativa. Ninguém pode prever quando
uma rosa irá desabrochar. Talvez, por mais paradoxal que possa parecer, a escalada
da montanha, em si mesma, venha a ser tanto ou quanto tão saborosa que a
chegada ao topo – a espera do festim é sempre melhor que o próprio festim. O
eterno IR é REGOZIJO E PAZ.
Frater Thor
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