O CONCEITO DE SHU HA RI PELA VISÃO DE UM PROBACIONISTA

 


Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.


        Dentro das artes marciais japonesas, em especial no Karatê, existe o conceito de SHU HA RI.

Em SHU o praticante aceita as técnicas passadas pelo mestre/professor sem questionar. Repetidamente ele treina a forma da técnica, sem tentar modificar ou questionar. Neste caso o faixa branca ou o Probacionista (neste texto vou me ater a faixa branca e faixa preta, antigamente o praticante de artes marciais ou era faixa branca, ou era faixa preta).

HA – Encontramos um aluno mais experiente, mais capacitado. Este mesmo aluno já sabe a forma da técnica, pois repetidas vezes ele a treina. Ele já pratica há um tempo e começa a questionar e buscar formas de melhorar sua técnica pessoal (aqui encontramos o Neófito ou faixa preta).

RI – Aqui o praticante tem a forma e a técnica enraizadas em seu ser, então ele cria sua própria técnica. Por isso, se colocarmos 2 mestres de artes marciais, de um mesmo estilo, lado a lado fazendo a mesma técnica, veremos formas diferentes. Pois em RI o praticante já não se preocupa mais com as regras, ele já tem um domínio de si e ele já sabe o que funciona pra ele (o que funciona pra ele necessariamente não irá funcionar para você).

O maior problema do Probacionista é a dispersão, disso todo mundo dentro da Santa Ordem sabe. Assim como o faixa branca o Probacionista fica maravilhado com esse mundo novo, com toda essa diversidade de assuntos, materiais de estudo… O mesmo começa a ponderar, questionar e é exatamente entre o SHU e o RI que cria-se uma retração, pois ao invés de continuar o fluxo ele volta ao estado anterior.

Se você olhar a imagem verá que existe uma seta externa ligando o HA ao RI, o Neófito está em HA. Na imagem ele está em RI porque o que eu quero mostrar aqui é que a dispersão fica entre o aceitar e o questionar. O Probacionista estando em SHU deve seguir exatamente o que foi proposto pelo seu instrutor sem questionar (claro que a maioria vai questionar, eu questiono sempre – retração).



        Eu estou usando a analogia do faixa branca e o faixa preta pois como falei anteriormente, antigamente não existia o sistema de faixas coloridas como vemos hoje nas artes marciais. Então você se pergunta, “por que meu instrutor é um faixa preta?” Mais uma vez volto a dizer que isso é apenas análogo, o Neófito sendo um faixa preta galgando degraus na árvore da vida vai também galgando DANS (voltando aqui ao sistema de faixa).

O Neófito sendo um mestre, jamais se intitulará como tal, independente do grau que ele se encontra, sempre se apresentará como Neófito. Aqueles que se dizem mestres já estão mortos. O mestre para ele próprio será sempre um aprendiz, ninguém chega a ser mestre de nada pois o mesmo sempre estará insatisfeito e sempre estará aprendendo algo novo. Aquele que se diz mestre é um pilantra, fuja!

Quem vos fala é um Probacionista, eu não posso explanar o que o Neófito é ou pode vir a ser pois não cheguei lá, ainda. Estou mostrando o que vivi até aqui e como o conceito de SHU HA RI pode ser usado em vários assuntos além das artes marciais. No momento eu tenho tentado aceitar determinados conceitos e seguir um fluxo natural dentro do probacionato.  Hoje, depois do Resh matinal, senti que tenho me sintonizado mais.

Existem momentos certos para determinadas coisas acontecerem, aos poucos alguns véus começam a desvelarem-se. O que eu vejo no momento como probacionista é que, como eu me condicionei a isso (chegar ao grau de Neófito), preciso ser disciplinado e aceitar sem questionar, porque quem está me guiando já passou por isso. Humildade é o caminho correto, não somente dentro da Santa Ordem.

   Pois vontade pura, desembaraçada de propósito, livre da ânsia de resultado, é toda via perfeita. (AL I:44). 

Com meus votos de Luz, Vida, Amor e Liberdade.

Amor é a lei, amor sob vontade.

20/04/2021

☉︎ em ♉︎ : ☽︎em ♌︎ : Dies Martis

Frater Z.







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