Mente Humana, a chave para a manifestação.
O seguinte ensaio não tem como objetivo impor verdades
absolutas, mas sim incentivar a pesquisa e ao mesmo tempo as práticas; método
da ciência, objetivo da religião.
Durante minha caminhada mágica pude observar diversas histórias de pessoas que liam livros e ficavam loucas, como por exemplo o livro de São Cipriano que tanto comentavam quando eu era criança, Cruz de Caravaca com suas orações e enfim, tudo era muito mágico para mim, essas coisas me atraíam de uma forma que não sei ao certo explicar, mas onde quero chegar com isso?
Diversas são as razões para buscarmos o caminho da Magia, algumas pessoas buscam prosperidade, outras buscam obter favores sexuais ou conquistar a pessoa amada, outros apenas para elevar o ego, diversos são os motivos que nos levam a seguir, mas como tudo nessa vida tem um preço, com magia não seria diferente, mas que preço é esse?
Os poucos anos de experiência que eu tenho observando amigos, conhecidos e desconhecidos que praticam ou estudam alguma coisa me fez observar a importância de acompanhamento psicológico em alguma fase de nossas vidas, se lermos o livro Golden Dawn do Israel Regardie podemos ver uma breve citação a isso, infelizmente não lembro em qual página está, mas ainda assim recomendo a leitura do livro.
Continuando, existem certos momentos de nossas vidas que de fato haverá uma necessidade de ajuda psicológica; muitas pessoas podem achar isso uma tremenda idiotice ou que o que estou escrevendo aqui é pura bobagem, mas sejamos racionais e práticos, não dá para praticar nada se nosso estado mental não está “saudável” o bastante, mas para que as coisas sejam compreendidas da melhor maneira possível eu vou citar alguns exemplos simples que eu creio que irão ajudar na compreensão do texto, por exemplo, existem sim certos perigos na prática mágica, principalmente se você não souber com o que está lidando, e um desses perigos é começar a confundir fantasia com realidade, realidade com ilusão.
Um bom exemplo disso é o filme A Origem, com Leonardo Di
Cáprio, onde a esposa do personagem interpretado por ele acaba cometendo
suicídio porque não conseguia distinguir o que era realidade e o que era sonho,
claro que teve um empurrão do protagonista nisso mas recomendo que assistam
para mais detalhes; continuando, a prática desordenada de algum sistema mágico,
rituais realizados por curiosidade ou para inflação de ego muitas vezes pode
nos causar danos que podem ser até mesmo irreversíveis, porque querendo ou não,
todas as práticas irão afetar nosso estado mental de alguma forma, em magia
podemos fazer tudo, mas não de qualquer jeito. (Meu instrutor fez essa citação
para mim recentemente)
Se eu realizo um RmP para banir um defeito relacionado a algum elemento, por exemplo, o fogo: eu tenho todos os detalhes do ritual, sei o que tenho que visualizar e os movimentos que tenho que realizar para que minha prática seja bem sucedida, mas aí eu digo algo do tipo no meu intento:
“Que toda essa tristeza vá embora”
Detalhe, eu usei pentagramas de banimento da terra, tentando
banir o fogo e falando da água no intento, isso faz sentido? Certamente que
não, mas na mente do Magista que está fazendo aquilo isso faz todo sentido do
universo.
“Ah, mas tudo começa pela nossa mente, mesmo que eu faça errado não tem problema se na minha mente estava focada no intento.”
Algumas pessoas já usaram esse argumento, mas não devemos esquecer que não é só o microcosmo que conta, existem de fato coisas que são atraídas para nós por “simpatia”, o macrocosmo está sempre agindo, e o que vamos atrair para nós depende de nós mesmos, e sim, tudo começa pela mente.
Gosto de citar exemplos nos meus escritos:
Se eu acendo uma vela de determinada cor eu já estou atraindo alguma coisa do macrocosmo por simpatia, por isso um intento é necessário quando de fato queremos causar algum efeito propositalmente.
“E Adonai disse: O segador forte e moreno varreu a sua
ceifa, e regozijou-se. O homem sábio contou seus músculos, e ponderou, e não
compreendeu, e ficou triste.
Seja tu, e regozija-te!”
Liber LXV
Retornando à parte da simpatia, devo deixar claro que não
devemos levar isso ao pé da letra, porque se eu colocar uma garrafa de
refrigerante em um ritual esperando que chova refrigerante isso não vai
funcionar (obviamente).
Me referindo novamente à atração de forças externas por simpatia, podemos observar no livro Três Livros de Filosofia Oculta de Cornélius Agrippa, pag. 202:
“Ora, essa espécie de atração por meio da correspondência mútua das coisas entre si, de superiores cominferiores, os gregos chamavam de ζσκπ£ζεηa ; Simpatia.”
Também é dito em
Liber Aleph, página 144, “De Natura Feminae”.
“E tu não podes atraí-la a esta Ação que lhe é própria por
tua Verdade; mas tu assumirás, como diz nosso Grimório, a Máscara do Espírito,
para que tu possas evocá-lo por Simpatia.”
No manuscrito Z2 da Golden Dawn na parte do ritual de
Evocação podemos perceber que existe um aviso a respeito da prática de
visualização onde é dito:
“Agora, que o Mago se imagine exteriormente com a aparência
do Espírito a ser evocado e, nisso, que ele tome o cuidado de não se
identificar com o espírito, o que seria perigoso; mas somente formular uma
espécie de máscara assumida temporariamente. E se ele não souber a forma
simbólica do Espírito, então que assuma a forma de um Anjo que pertença à mesma
classe de operação, essa forma sendo presumida. Depois, que ele pronuncie com
voz alta, firme e solene uma oração conveniente e potente, e exorte o Espírito
para um aparecimento visível.”
Podemos então observar que diferente da Assunção às Formas divinas onde você assume a forma da Divindade, na prática evocatória você se mascara com a aparência da entidade sem assumir sua forma, mas por que é indicado não assumir a forma do ser evocado?
Um dos objetivos da Assunção à forma divina é fazer com que possamos sair do estado Humano de consciência e entrarmos para o estado Divino de consciência, e assumir a forma de um desses seres seria perigoso por conta do risco de sair do estado humano para o estado “demoníaco” de consciência, ora, isso não significa que você vá se tornar um demônio ou algo do tipo, mas assumir a forma de um ser “negativo” por exemplo, faria com que sua consciência adotasse aspectos negativos daquele ser, e esse não é o objetivo do ritual, mas sim fazer com que sua mente através da Imaginação cause uma precipitação do espírito a ser evocado, por isso é necessária uma imagem para materializar o espírito.
Pelo fato de você imaginar como vai ser a aparência do espírito, sua mente por simpatia atrai o espírito, o que está em cima é como o que está em baixo.
E pelo fato de internamente você estar familiarizado com aquela energia que assumiu, energias externas relacionadas com o que você se conectou serão atraídas para você. Como se manifestarão? Depende. O caso de assumir uma forma “negativa” poderia causar alterações no estado de consciência, por isso não é indicado assumir forma de qualquer coisa que você achar prudente, estude sempre, pesquise, teste, mas não de qualquer jeito.
Como podemos ver nos comentários do Livro da Lei, a Grande Obra consiste na resolução de complexos, claro que muitos poderão discordar, mas que possamos pensar um pouco:
Eu desejo me aproximar do SAG (ou seria o oposto?), mas se meu estado de consciência não estiver em harmonia com ele… enfim…
Todos os trabalhos realizados em direção a ele visam mudar nosso estado de consciência para que ao mesmo tempo possamos estar harmonizados com ele, por isso os trabalhos elementais, então que possamos realizar a grande obra com responsabilidade.
Frater Pan 156
Comentários
Postar um comentário