O CAMINHO DE TAU
O caminho de Tau
Buracos na Terra e Socos pelo Ar
A primeira Grande Obra a ser conquistada por um Aspirante a Santa Ordem é descobrir a chave que abre o portal do Reino ou Malkut. Com a chave em mãos, ele começará a construir a base de sua pirâmide, e é só após estar com essa base preestabelecida, que ele poderá atravessar o portal.
Malkut, então, se torna o destino àqueles que tiveram sua visão desbloqueada pelas fagulhas de luz que passaram a iluminar o caminho. Tudo começa a se tornar real e a percepção da realidade assusta. Ainda que o tato naturalmente se sobreponha dentre os cinco sentidos do corpo humano não há mais porque tatear, mesmo que agora seus pés consigam sentir a textura da terra sob eles. Nesse momento a visão precisa ser o sentido mais exercitado: sabemos que bater o dedo mindinho do pé na quina de um móvel é uma das dores mais insuportáveis, e por que não evitar isso?
Assim como a sensação da terra é real, o invisível aos olhos físicos também passa a ser. Acessar o invisível se torna inevitável para que a conexão com o Plano de Discos possa ser efetiva. Afinal, é importante perceber que tudo que alimenta o nosso ego, seja nos confortando ou nos afligindo, primeiro ganha formato no astral e por isso, é de suma importância, que haja uma base firme para construir sua pirâmide, ou seu corpo de luz. Portanto, adquirir ferramentas e sustança para essa construção somente praticando no plano “terreno” seria insuficiente, tornando-se necessário exercitar com frequência a prática de viagem em visão do espírito, para que cruzar a fronteira entre planos possa se tornar mais fácil com o tempo. Viajar em visão do espírito, ou praticar viagem astral, é uma das especificidades do caminho de Tau, o que irei abordar no decorrer do texto.
Tau é a letra hebraica, que significa cruz, relativa ao trigésimo segundo caminho da Árvore da Vida, que liga as sephiroth de Malkut à Yesod, e corresponde ao Atu XXI do Tarot de Thoth, O Universo, sob a influência do planeta Saturno. Ainda acrescento que é através desse caminho que se pode transpassar o Véu de Nephesh.
É no plano astral que os quatro Reis TEX, governantes do trigésimo Aethyr, estão o tempo todo de prontidão esperando qualquer deslize. Fazendo uma analogia, imagine-se jogando um game de batalha medieval, cujo nome seja Batalha de Nephesh. Seu personagem a cada fase vai adquirindo força e armas mais potentes, porém, do mesmo modo, os inimigos ficam mais fortes e difíceis de serem combatidos.
Pense que as fases do jogo estão correlacionadas aos quatro dez do Tarot de Thoth, que implicam os ordálios, Riqueza, Saciedade, Ruína e Opressão em constante intercessão, e que os objetivos dessas fases ficam sempre subentendidos. Os inimigos são as suscetíveis mutações dos quatro Reis, e dentre as armas que eles carregam estão: a inércia, a dispersão, o sentimentalismo, a excitação e a confusão. Atente-se que entre as fases, lindas donzelas irão surgir. Por um momento, você achará que elas estarão ali para te distrair, mas logo entenderá que uma das princesas será seu porto seguro. Mas, você deve estar se perguntando: qual a arma mais potente a ser usada nesse jogo? Minha resposta seria o Asana, pois só ele será capaz de conceber uma boa concentração, paciência, persistência, retidão, e principalmente equilíbrio (emocional e mental), influenciando direto e positivamente no treinamento, em especial nas práticas realizadas em viagem em visão do espírito, e consequentemente, na Vida. Em outras palavras, eis as armas e artimanhas imprescindíveis para que tais inimigos sejam abatidos e o jogo seja zerado. Mas fique atento, porque a qualquer momento, quiçá num futuro próximo, será lançada a nova temporada do game e você não resistirá em experimentá-lo.
Ah Nephesh, como você é mal compreendida! O contato contigo atordoa, amedronta, enlouquece, deixa marcas, porém eu sei que tudo o que você mais deseja é ser percebida e aceita, uma vez que assim poderá ser acolhida.
Continuando, outra versão para essa história, um pouco mais épica, talvez, pode ser contada com a participação especial da ilustre moradora do Atu XXI, o Universo.
Era uma vez, uma bela princesa chamada Malkah, que rompeu os limites do Plano de Discos e foi aventurar-se em seu Universo paralelo, em busca do Sol e das Estrelas: a liberdade era sua grande aspiração. De repente, em meio à tranquilidade de seu caminho, se deparou com Nephesh, e seu exército. Com toda sua sagacidade e coragem, subjugou os quatro Reis TEX, e manteve Nephesh como sua grande aliada. Um novo ciclo se iniciava, e como prova, ela se despiu de suas robustas vestes, mostrando pleno domínio sobre seus desejos. Então, sem amarras, ela se pôs a dançar livremente junto à serpente da Vida, em meio a piruetas no ar, se apoiando na Lua, seu alicerce prateado que reflete a luz do Sol. Ela o tempo todo sabia, que o querer sem ousadia não a levaria ao silêncio do colo de Nuit. Quase uma utopia tamanha sabedoria!
Depois de zerar o game, Batalha de Nephesh, ou dançar com a princesa Malkah em seu Universo paralelo, ou mesmo ter adquirido (ou começado a adquirir) o domínio do plano astral, um corpo de luz estará sendo formulado, e não haverá mais motivos para permanecer na penumbra. A luz em alguns momentos ofusca e em outros produz sombras que muitas vezes fazem parte da nossa imaginação, deveras infantil. Quando crianças, ao olhar as sombras na parede, víamos diversas formas que variavam desde figuras engraçadinhas a monstros que nos tiravam o sono, pois é quase sempre à noite, a meia luz, que os vultos fantasmagóricos passeiam nas projeções da nossa visão periférica. Contudo, é preciso, abandonar os medos, olhar para frente e seguir, em razão de que é de lá que vem a luz, e é nessa direção que nossa visão fica mais apurada apesar de um pouco míope e desfocada.
Desde o período probatório, antes de entrar no Reino, o processo já não era fácil, e digo mais: nem poderia ser. Para quem sai das trevas, olhar diretamente para o Sol, cega, e isso seria um mero desperdício ao saber que o que nos espera é pura beleza e perfeição.
O caminho de Tau é difícil de ser percorrido por ser repleto de obstáculos, como buracos na terra e socos pelo ar. Lembre-se que papai Saturno, também estará regendo o caminho, e exigente como é, não hesitará em te ensinar a abandonar a coroa para reinar. Mas, seja esperto e aproveite a disposição dele a seu favor, agindo com disciplina e perseverança, a fim de ir conquistando aos poucos os traquejos de Nephesh. Saiba que daí para frente você continuará caminhando com ela, lado a lado, ao longo de sua jornada, ou acha que ela se despedirá de seu ego vaidoso, e permanecerá “pianinho” vagando pelos caminhos do Reino?
Todavia, chegando ao final do percurso, não hesite em admirar o brilho intenso da Lua que iluminará seu caminho na prévia escuridão, pois sua luz é bela e revigorante. No entanto, no novo ciclo, não se engane, não haverá trégua. Fantasmas ganharão corpos e surgirão desta vez bem na sua frente, face a face, mas por fim, após trilhar o caminho de Tau com coragem e perspicácia, acredito que terá traquejo em lidar com eles.
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