MARCELO MOTTA: UM ENIGMA I (Texto de Frater Thor - Comentado por Frater QVIF)


 

MARCELO MOTTA: UM ENIGMA I

(Texto de Frater Thor - Comentado por

Frater QVIF)


Marcelo Motta fotografado por Oscar Schilag no início dos anos 70, no Rio de Janeiro.



Introdução

Este texto tem sido apresentado de maneira indiscriminada em vários sites, sem ser contextualizado. Isso tem provocado confusões sobre a relação entre Marcelo Motta e Euclydes Lacerda de Almeida.

É lícito sempre esclarecer que, Euclydes viveu, após a separação de Motta em 1974, uma visão de amor e ódio para com aquele, tendo resolvido, em determinado momento dar a sua própria explicação sobre a separação de ambos, ora escrevendo coisas elogiosas a Motta, ora contrárias a ele

Este texto foi escrito  em 1995 e.v., ocasião em que Euclydes e outros resolveram contatar a O.T.O. do Califado, facilitando a instalação deste ramo americano da O.T.O. no Brasil. 

Conforme me foi dito por Euclydes em 1998 e.v., ano que vim a me reconciliar com ele, depois de um rompimento de relação em abril de 1994, este texto foi usado para convencer o Califado que ele (Euclydes), nada mais tinha a ver com seu antigo instrutor, dando munição ao Califado para exacerbar sua crítica a Marcelo Motta, um fantasma que os incomodava, mesmo depois de morto. Além disso, acabava com qualquer pretensão de alguém que dissesse ser herdeiro de Motta ou criar confusões ou oposição ao novo ramo recém instalado no Brasil.

Por outro lado, Euclydes teve a ilusão que sua vivência iniciática junto a Motta seria reconhecida, tendo sido em vão os documentos apresentados, nos quais Motta o nomeou Grau IX O.T.O., Grão Mestre da O.T.O.no Brasil (Grau X), bem como as Patentes de Grau VII e IX dadas por Grant do Ramo da O.T.O. Typhoniana. Com tudo isso, Euclydes que tinha direito “inequívoco” de receber até o Grau III da O.T.O., foi recebido somente no Grau de Mineral.

Quando procurei Euclydes em 1998 e.v., pensei que ainda estava no Califado, tendo recorrido a um amigo em comum, que estando na liderança do ramo no Brasil, fez a minha iniciação no Califado nos Grau 0 e I. Foi então que me foi dito que Euclydes havia saído, o que fiz logo após, pois meu objetivo era apenas ficar perto dele.

Quando nos encontramos no final de 1998, ele me contou que fora induzido por outros que trouxeram o Califado para o Brasil a afastar-se de mim. Tudo se deu porque, cansado de levar a Loja Therion sozinho (organizando as reuniões, dando instruções, arranjando novos membros), resolvi abrir a minha própria loja, uma vez que tinha patente de Grau III e IX O.T.O. dadas por Euclydes (Frater Aster) desde 1991 e.v.

Foi também em 1998 e.v. que chegou às mãos de Euclydes um e-mail recebido por Frater I.A. de Kali Atena (Cláudia Canuto) que esclareceu Euclydes sobre as razões porque Motta havia se separado de Euclydes.

Este texto, entretanto, já está disseminado na internet ou em distribuição em xerox.  Mas ele se refere a uma fase pré e-mail de Cláudia Canuto, embora seja muito interessante conhecer os bem montados argumentos de Euclydes contra Motta. Esse é o contexto.

Amor é a lei, amor sob vontade.
Frater Q.V.I.F 

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Introdução por Frater Lucis in Tenebrae (Um pseudônimo de Euclydes Lacerda)

Quem ouve falar de Marcelo Ramos Motta, um meticuloso e extremamente exigente Instrutor da A.’.A.’., e que indubitavelmente foi o iniciador de Thelema no Brasil, não consegue imaginar o quanto a trajetória deste homem influiu no pensamento thelêmico mundial. Como legítimo membro da A.’.A.’., Marcelo Ramos Motta, treinou vários estudantes no Brasil, entre os quais encontrava-se Frater T. (Thor), que permaneceu sob a Baqueta de Frater E. (Ever) durante treze anos consecutivos (1961/1974), seguindo posteriormente seu próprio caminho, mas sempre procurando manter-se dentro da linha desenvolvida por de seu Instrutor, honrando, assim, sua Linhagem Sucessória. A partir de 1974, Marcelo Motta começou a mostrar uma peculiar transformação em seu caráter.

Mesmo os seus mais íntimos colaboradores não escaparam das funestas consequências desta mudança. Não demorou muito para surgirem atritos e cismas no grupo formado.

Ao que parece, o grande erro de Marcelo Motta, foi tomar sobre si próprio todos os Cargos Oficiais da Ordem (Preamenstrator, Cancellarius, Imperator), alijando continuamente candidatos capacitados para os mesmos. O acúmulo de responsabilidade e a natural pressão que um Iniciado recebe sobre sua pessoa, eclodiu naquela mudança radical.

O processo da bizarra transformação crescia a cada dia e, aproximadamente em 1980, o transformou num homem amargurado, irascível, e altamente rude.

Muitos de seus discípulos retiraram-se de um ativo envolvimento com ele; outros retiraram-se ao silêncio (entre estes estava Frater T. [Thor]), enquanto outros perduraram na vã esperança de uma mudança do quadro. Tudo inútil. Viriam posteriormente seguir os passos dos anteriores. Nesta época, a polêmica figura de Marcelo Motta, somente conseguia angariar inadequados candidatos … iniciação na O.T.O. (A organização de Marcelo Motta é agora conhecida como S.O.T.O. A S.O.T.O.), após a morte de Marcelo Motta fragmentou-se em várias outras: Fundação Parzival XI, H.O.O.R. e Sociedade Ordo Templi Orientis Internacional.) Indivíduos visivelmente inclinados à uma personalidade fanática: um reflexo daquela que agora o líder apresentava.

Tal fanatismo (ou paranóia) chegou a tal ponto que, na Inglaterra, um desses discípulos tramou explodir a livraria de antigos e conhecidos editores britânicos (Routledge & Kegan), simplesmente porque Marcelo Motta estaria aborrecido com eles. (Este estudante, erradamente, quase destruiu uma outra livraria. Preso, veio a falecer na prisão).

Mas nem a O.T.O., nem a AA, e nem o Ocultismo em geral, podem ser responsabilizados por estes exageros. Nem mesmo o próprio Marcelo Motta pode ser apresentado como culpado. É da natureza humana o erro, o desequilíbrio, etc.; principalmente nesta fase tumultuada da Evolução Humana. A existência do erro, do engano, ou de se deixar levar pela ilusão de um inflamado ego, somente pode ser evitada com extrema auto-vigilância.

Não há iniciado que não corra o risco de ser envolvido dessa maneira por sua parte negativa, advinda do veículo grosseiro ainda não equilibrado. Porém, como dito por alguns: São ossos do ofício. Em nenhuma Ordem ou Sistema realmente eficiente, estar o Estudante protegido de tal perigo intrínseco … própria natureza da Iniciação a Real Iniciação mexe com a estrutura física, mental e espiritual do Candidato. Ela atua diretamente nos Chakras. Por isto, todo trabalho mágico-místico contém em si um grande perigo, o perigo do desequilíbrio.(A única maneira de evitar tal perigo, é o Estudante manter o senso de perspectiva, de bom senso, e seguir criteriosamente o currículo de seu grau e do Sistema ao qual se ligou. Isto pode ser traduzido da seguinte maneira: se você se ligou ao Sistema Thelêmico, não execute práticas de qualquer outro sistema; mesmo que estas lhe pareçam mais eficientes ou atrativas. Não misture alhos com bugalhos. Jamais julgue-se perfeito. Haver algum ponto onde você necessita se fortalecer. Jamais se julgue estabelecido em determinado grau, a não ser que você tenha absoluta certeza disto, através uma série de auto-testes). A linha que separa o Iniciado do Louco é bastante tênue.

Deve parecer paradoxal de como um legítimo membro da Grande Ordem, possa cair numa situação deste tipo. Existem duas explicações razoáveis do problema, mas não absolutas ou definitivas.

Basta que se estude os pontos cruciais da Carreira Iniciática, particularmente a Passagem pelo Véu de Paroketh, e aquele do Juramento do Abismo.

Qualquer homem ou mulher (mesmo um profano, que por qualquer motivo o venha conhecer O Juramento do Abismo), tem o sagrado direito de tomar o Juramento, a qualquer momento de sua vida, o qual é o mais sério de toda carreira iniciática.

O Estudante julgando-se pronto para este Juramento, pode tentar aquela travessia, sem que na realidade esteja o bastante maduro para tal (Que o diga o Sr. Paulo Coelho). É uma ilusão que toma de assalto o ego. Isto acontece e continua a acontecer a todos que, em um momento de suas vidas iniciáticas, perdem a auto-crítica. O fenômeno pode ser ativado por alguma ilusória visão ou evento místico-mágico que venha massagear o ego do Estudante, dando-lhe a falsa impressão de ter atingido certo elevado grau dentro da Hierarquia, isto é, ele supervaloriza a visão e o evento que podem ser tão somente a projeção de um turbilhão astral provocado por suas práticas intensas. Desta maneira assume inadvertidamente o Juramento. (Não é necessário qualquer ritual específico para isto; e nem se retirar para o deserto, basta pronunciar o Juramento com a devida intenção). Não podemos condená-lo por tal equívoco. Enquanto que por um lado a assunção do Juramento revela um ato de coragem, por outro, e na maioria das ocasiões, revela um ato de temeridade presunçosa. O problema se torna por demais complexo para ser aqui explorado a contento. Mas, como escrito em Liber Librae: Não te apresses a condenar os outros; como saber se tu no lugar deles resistiria às tentações? E mesmo que tu fosses mais forte que eles, porque desprezar …aqueles que são mais fracos que tu? Este ensinamento deveria ser observado e sempre mantido na mente do Estudante desejoso em seguir correta e equilibradamente a Senda da Iniciação. (Aqui existe um flagrante choque com o Livro da Lei).

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MARCELO MOTTA: UM ENIGMA

A Primeira parte deste trabalho é constituída de rápidos “flashs” da vida de Marcelo Ramos Motta. Na Segunda parte respondemos a questões elaboradas por vários interessados – pessoas que não o conheceram pessoalmente, mas que, por um motivo ou outro, sentem- se atraídas pelo trabalho de Marcelo Motta.

A Terceira parte consta de um relato de Euclydes Lacerda de Almeida, do período (1962 a 1975) em que conviveu com Marcelo Motta, na qualidade de seu discípulo e, de certa forma, amigo pessoal.

Na Quarta parte, também sob a visão de Euclydes Lacerda, teremos um histórico dos acontecimentos compreendidos entre 1975 a 1987.

Um trabalho dirigido no sentido de estudar as “relações” entre Marcelo Motta (e outros) e a oligarquia thelêmica, iniciada por volta de 1987, vistas através de um homem que participou de todos os eventos ocorridos no Brasil.

Embora em choques doutrinários, as duas facções antagônicas parecem defender os mesmos interesses, isto é, os interesses do Sistema Thelêmico visto como um bloco, do qual as duas facções seriam simplesmente derivações, numa expressão de grupos de poder regional. Espera-se também possibilitar uma maior precisão nas constatações feitas sobre este período, ainda muito gerais e insuficientes, ajudando a dar um pequeno passo na elaboração constante e sempre renovável da realidade histórica.

A época estudada é vista como um período durante o qual existia no Brasil um movimento não muito bem definido e quase não conhecido pela maioria dos ocultistas deste país. Um movimento em fase de gestação. Um embrião que deveria crescer, criando as necessárias condições para que o Sistema Thelêmico se apresente de uma maneira pura e não distorcida, como infelizmente veio a acontecer para prejuízo de todos.

INTERREGNO

Em 1976, Marcelo Motta publicou no Brasil o seu “EQUINÓCIO DOS DEUSES”, Vol. I N.1. Em “Nota Final” do referido livro (pag.154), aparece uma informação a respeito de Euclydes Lacerda de Almeida (Documento nos arquivos da S.N.Ae). Assim, iniciaram as atribulações dele até hoje. E nenhuma voz levantou-se em sua defesa. Jamais, em tempo algum, Marcelo Motta e seus seguidores lhe deram o sagrado direito de defesa contra as acusações ali escritas.

Agora, passados 11 anos, é o momento da resposta.

Tornou-se crença geral que Euclydes foi expulso da O.T.O., isto é, do Ramo criado por Marcelo Motta.

Todavia, para surpresa de muitos na “Nota Final” inserida em “O EQUINÓCIO DOS DEUSES” jamais esteve escrita a palavra expulso, mas sim suspenso. E mais à frente é dito que “ante a suspensão, Euclydes, obcecado pelo ego pediu demissão da Ordem” (que Ordem?). Nós desafiamos qualquer pessoa a mostrar publicamente a prova deste pedido de demissão, seja da O.T.O., seja da A∴A∴, ou seja, mesmo da S.N.Ae. – simplesmente porque não houve este pedido de demissão. E jamais existiu.

Mesmo não sendo um estudioso e profundo conhecedor da língua Portuguesa, dá para saber que suspensão não é o mesmo que expulsão. Suspensão significa uma punição disciplinar, constituindo-se em afastamento temporário do infrator assim penalizado. Por esta razão o próprio Marcelo afirma, em sua carta, acima citada, que Euclydes estaria ‘banido’ da O.T.O. por cinco anos.
 
Por expulsão compreende-se o afastamento compulsório e definitivo, sem chance de retorno, causado por grave delito. Por outro lado, demitir-se, traduz um ato livre e de espontânea vontade. Classificar-se este ato como indício de obsessão egóica é, segundo pensamos, ir superficial e demasiadamente longe numa análise psicológica e mesmo mágica – sobretudo quando não houve tal pedido. De qualquer maneira, pelo deduzido do texto, Euclydes jamais foi expulso da Ordem, mas sim suspenso. O que está escrito e “Nota Final”, pagina 154, de “O EQUINÓCIO DOS DEUSES”, Vol. I N.1.

Nesta mesma “Nota Final”, várias questões permanecem “no ar”. Primeira: o motivo da suspensão? Muito vagamente é ali declarado ter sido por “má conduta”, sem determinar que tipo de má conduta foi este. Segundo: O revelado crua e cinicamente que, após pedir demissão, Euclydes, procurou ligar-se à Kenneth Grant (gravem bem esta afirmativa. Será de grande importância para compreensão de toda trama armada pelo Sr. Marcelo Motta), “cujo endereço lhe fora dado a Euclydes, naturalmente (Documento nos arquivos da S.N.Ae) como parte de uma ordália”. Isto foi escrito em 1976. Terceiro: A Notificação termina com grave acusação à Kenneth Grant, e que Euclydes se utilizara de “documentos nem de sua propriedade e nem de sua autoria”. Isto, em bom Português quer dizer simplesmente que Euclydes plagiou escritos de Marcelo Motta. A determinação de quais documentos foram estes, como, e para que, foram plagiados não é dito.

No devido tempo, tanto esta questão, quanto as anteriores serão devidamente analisadas e esclarecidas, e todos poderão decidir da falsidade ou não das afirmativas.

Observando-se detidamente a “Nota Final”, encontramos outras distorções. A mais gritante sendo aquela, induzida no texto, da existência de uma O.T.O. devidamente formada e funcionando no Brasil. Marcelo Motta induz esta inverdade aos leitores. A verdade sendo outra: Na época (1975), não existia uma O.T.O. funcionando no Brasil, nem mesmo o suposto Ramo criado posteriormente por Marcelo, e muito menos aquela que surgiria muito depois sob o nome de S.O.T.O. – sigla pela qual a “organização marcelina” tornou-se conhecida após os eventos desenvolvidos nos Estados Unidos da América (Corte Californiana). Esta sigla, S.O.T.O., constituiu um artifício usado na Corte da Califórnia para distinguir a O.T.O. “McMurtryana” daquela de Marcelo Motta. Quanto a esta sigla fazemos em seguida uma série de observações sob exclusivo caráter mágico.

Torna-se evidente a qualquer iniciado, mesmo nos graus mais humildes, que a “mudança” do NOME da Ordem, e consequentemente de sua sigla, altera profundamente o sentido oculto do Nome Original. A sigla O.T.O. possui um significado secreto para quem sabe ler nas entrelinhas, e não será qualquer iniciado, mesmo aqueles de graus elevados, que poderá mudá-lo ao impulso de seus interesses particulares. Torna-se evidente que qualquer acréscimo ou supressão de uma simples letra altera significativamente o valor numérico (qabalístico, por assim dizer) e o sentido mágico correspondente. O mais conhecido exemplo desta chave qabalística encontramos no Antigo Testamento, quando “Deus” muda o nome de ABRM (Pai de Elevação) para ABRHM (Pai de Multidão) e de SRI (Nobilidade) para SRH (Princesa) – veja-se Gênesis 17. 5 -15. Foi um grande erro mágico de Marcelo Motta ter aceito a “mudança” do nome de sua Organização. Assim, ele aceitou magicamente a pseuda autenticidade da O.T.O. McMurtryana. Em outra parte deste livro daremos mais alguns esclarecimentos quanto ao assunto.

Ante o exposto no capítulo anterior, poderíamos dar por encerrado a análise quanto a “Notificação” contida em “O EQUINÓCIO DOS DEUSES”. A conclusão sendo que Euclydes JAMAIS FOI EXPULSO DA O.T.O., mas sim SUSPENSO, QUE É COISA BEM DIFERENTE. Entretanto, vimos que nem mesmo suspenso poderia ele ser, pois é impossível alguém ser suspenso, ou expulso, ou mesmo demitir-se de uma organização inexistente. Este simples e claro fato derruba a “Notificação” em “NOTA FINAL” do, assim chamado, EQUINÓCIO DOS DEUSES – Vol. I N.1.

Porém, devemos ir mais adiante em busca de mais provas das inverdades contidas em NOTA FINAL. Urge uma resposta ampla e clara. Afinal foram longos anos, durante os quais, uma mentira foi oferecida ao público, como se verdade fosse. Foram longos anos de acusações e difamações as mais descabidas, assacadas não somente contra Euclydes, mas também contra muitos outros, entre vivos e mortos. Nós comemos a amarga fruta da árvore plantada por Marcelo Motta. Chegou a hora dos que a regaram engolirem o bagaço caroço. Que se cuide aquele que tiver garganta estreita. Isto é dirigido a todos aqueles, que conhecedores da verdade, a mantiveram escondida. Sejam eles, agora, membros de quaisquer ramos da O.T.O., ou de outras organizações surgidas no mundo, e se dizendo Thelêmicas.

Constitui um ato de Justiça, não de vingança, uma ampla e definitiva resposta às acusações lançadas contra nós, reais iniciadores da O.T.O. no Brasil. Urge uma satisfação a todos os Irmãos e Irmãs. É direito deles, e nosso, que todos saibam exatamente o ocorrido, e o que ocorre com a O.T.O. no Brasil. Necessitamos ir fundo e desenterrar os reais motivos das “expulsões sacramentadas” aqui em nossa terra. Devemos (e isto deveria ter sido feito há muito tempo) analisar o assunto com toda seriedade e atenção que merece, nada permitindo passar em branco. Retirar as mínimas dúvidas, as quais ainda possam permanecer nas mentes e corações de todos os interessados em Thelema em geral e na O.T.O. em particular – mesmo que em certos momentos desta análise tenhamos que expor nossas fraquezas e erros.

Infelizmente para os Membros da S.O.T.O., e para membros de outras tantas organizações, ditas Thelêmicas, existe uma vasta documentação mostrando a realidade dos fatos, dos ardis, das inverdades e das profanações que vêm sendo perpetuadas ao longo desses anos.

Perdidos em uma megalomania monstruosa, membros de várias O.T.Os. não consideraram o fato de que nós, e outros mais, pudéssemos nos erguer do charco ao qual fomos lançados e, nos limpando, surgimos como a Phoenix da lenda. Também servirá de aviso àqueles que futuramente, tentarem outro tipo de trama contra Reais Thelemitas. É necessário que todos compreendam até onde vai a irresponsabilidade e o atrevimento daqueles que se dizendo Frati Superiores, O.H.Os., Caliphas, etc., tentam ludibriar a todos quantos procuram uma Verdadeira Ordem Iniciática.

Considerem, agora, o dito em “NOTA FINAL”: que ao “pedir demissão da Ordem” (de qual Ordem?), Euclydes “procurou ligação com Kenneth Grant, cujo endereço… etc., etc.”

Euclydes não procurou ligar-se à Kenneth Grant (não era necessário : ele já ligara ao inglês através Marcelo Motta, quando este, em carta datada de 10 de dezembro de 1971, diz textualmente: “O Rei Mundial (ou Cabeça Externa) da O.T.O. chama- se Kenneth Grant e seu endereço é…”). Em 1973, ao conferir a Patente de Grão Mestre dos Três Primeiros Graus da Ordem no Brasil, Marcelo confirma o dito anterior e, neste mesmo ano (19 de maio) reafirma categoricamente o “status” do inglês: “Eu reconheci autoridade de Mr. Grant”.

A “estória” da ordália é uma mentira deslavada. Uma forma de justificar a ‘suspensão” de Euclydes da Ordem.

Aqui surge uma questão importante: Qual o motivo desta obsessão de Marcelo ver-se livre de Euclydes (e de outros, futuramente?) A resposta tornar-se-á evidente no transcorrer das páginas seguintes.

Observe-se também que a carta de 1961 dirige-se a Euclydes Lacerda, não a Frater Zaratustra. Euclydes era, na época, um simples interessado em Thelema e na O.T.O.. O que vem a ser isto? É bastante simples: Você não pode impor uma ordália sobre alguém que, sequer, assinou Juramento. Isto é, nenhum profano, que não haja feito o formal pedido de ingresso na Ordem (em qualquer ordem), e que não tenha assinado o Juramento, pode ser posto em prova. Esta era a posição de Euclydes em 1961. Ele, como qualquer outro cidadão, estava tão somente trocando correspondência com Marcelo Motta. E, como este último havia declarado, em 1964, não possuir Patente (ou permissão) para trabalhar com a O.T.O., evidentemente enviou seu correspondente a Kenneth Grant.

Agora, se por outro lado, Marcelo Motta, sabia que Kenneth Grant NÃO ERA o Cabeça Externa, e que havia sido expulso da Ordem em 1955, então, Marcelo Motta cometeu uma grande blasfêmia contra a Ordem e manteve esta blasfêmia durante todo tempo até 1975, coisa que preferimos não acreditar. Mas caso isto seja afirmativo – que ele sabia da situação do inglês perante a Ordem – demonstrou uma monstruosa falta de ética e moral iniciática.

As obscuridades daquele homem não ficaram só nisto. Verifiquem que a carta, datada de 1975, dirige-se à Frater T(hor)., não à Frater Z(aratustra). Isto é importante porque Frater T(hor). nada tinha a ver com a O.T.O., ou com a S.N.Ae. Frater T. era um Irmão da A∴A∴ e, como tal, completamente alheio ao Trabalho da outra Ordem.

Outra interessante falha de Marcelo Motta está em que ele, na página 153 da “Nota Final” (Equinócio dos Deuses) declara que “é responsável pelo trabalho da O.T.O. no Brasil, com PATENTE de SATURNUS X”. Mas que Patente? Não afirma ele mesmo que tal Patente jamais lhe chegou às mãos? Se ele a tinha em seu poder, então porque afirmou ao contrário? Por que ele jamais a apresentou???

Nesta mesma página (Nota Final) ele confirma que nos Estados Unidos da América “Mr. Grady McMurtry é “Chefe de Loja e recebeu o IX O.T.O. diretamente de BAPHOMET XI, tendo sido confirmado por SATURNUS X. E que também Mrs. Helen Smith…”

Está mais do que claro que isto foi escrito em 1976, antes de Marcelo Motta se indispor com estas pessoas. Tão logo aconteceu o rompimento entre elas, imediatamente ele ordenou suprimir as páginas do livro onde apareciam estas afirmativas que, no mínimo, dariam respaldo aos seus, antes aliados, agora inimigos. E, por um desses “acasos” da vida, a página 153 é a outra face da folha contendo a página 154, onde noticiava-se a “suspensão” de Euclydes. Conclusão: nas edições mais recentes de “O EQUINÓCIO DOS DEUSES” a tão falada “expulsão” desapareceu juntamente com as informações da expulsão de Kenneth Grant e suspensão (1963) do Rei Suíço, Joseph Metzger.

Se os leitores tiverem a oportunidade de adquirir “THE EQUINOX” Vol. V No.4 ( editado por Marcelo Motta nos Estados Unidos da América em 1981) leiam o EDITORIAL. Ali encontrarão novamente o nome de Euclydes Lacerda:

“Euclydes de Almeida: once a neophyte under Marcelo Motta. Charged with registering the O.T.O. in Brasil, tried to register it under his own name. Expelled from the O.T.O.. got in touch with Kenneth Grant and tried to set himself up as representing the same. A court order was issued: did not try to appeal. Cut contact the A∴A∴”

Jamais, em tempo algum, Marcelo Motta, foi tão infeliz em suas declarações. Nada do ali escrito corresponde à verdade. É pena que um livro (693 páginas) tão bem elaborado, tenha sido usado para tamanhas inverdades.

Notas Gerais sobre o texto:

1. Jamais, em tempo algum, Euclydes tentou contato com Kenneth Grant. Ele já estava em contato com o mesmo através o próprio Marcelo Motta.

2. Euclydes jamais tentou registrar a O.T.O. em seu nome. Ele registrou a S.N.Ae. da qual foi o Supervisor Geral até o dia de sua grande festa (Documento nos arquivos da S.N.Ae). Se ele quisesse registrar a O.T.O., isto teria sido fácil. Marcelo é quem a registrou.

3. Euclydes jamais tentou colocar-se como representante de Kenneth Grant. Ele o representou, no Brasil, durante 15 anos (Documento nos arquivos da S.N.Ae).

4. Jamais Euclydes pediu desligamento da A∴A∴. Tanto isto é verdade que por volta dos anos noventa, em contato com Mr. Starr, este confirmou que o nome de Euclydes constava na Chancelaria da Ordem.

Neste Editorial: Finalmente, aparece a palavra “expulsão” (expelled) da O.T.O. Isto porque, na época, Marcelo Motta havia registrado a Ordem no Brasil. Agora sim, ele podia expulsar quem quisesse. Entretanto, assim o fazendo caiu em outro paradoxo. Como expulsar Euclydes da S.O.T.O. se Euclydes jamais pertenceu a uma tal organização?

Continua...






 



Frater QVIF




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