8 considerações sobre o trabalho em Hod.
8 considerações sobre o trabalho em Hod.
Seguindo o diminuto estudo e investigações sobre os tipos de trabalho dentro das esferas da Árvore da Vida, obviamente dentro de um contexto mais contemporâneo sob o ponto de vista Thelemita e fora da tradição judaica, seguimos com Hod ou Glória. Sempre achei que a maior das maiores pegadinhas que podemos supor existir em qualquer trabalho seria: o ápice do trabalho intelectual “descansar” sobre o mundo das águas, ou seja, afundar no oceano das emoções pelo peso morto dos porquês de tudo que nos cerca(dispersão), bem vindos ao trabalho de Hod na esfera de Kokab!
Muitas divindades ou arquétipos ligados à esfera de Mercúrio possuem duas características distintas: uma é de ser o inteligentíssimo agente mensageiro, quase o mago carteiro, a segunda é de ser “brincalhão”, “pregador de peças”, como dizem em inglês “trickster”(malandro, trapaceiro, etc.) de qualquer forma sendo deuses ou contra partes psicológicas nossas que se excitam durante o trabalho em Hod, fica claro que o terreno de trabalho será mais movediço do que de fato esperamos. Assim temos os famosos deuses magos Hermes, Thoth (Tahuti), Anubis, Loki entre outros, levando para a nossa cultura indígena temos o deus Polo, o senhor dos ventos, mensageiro de Tupã. Ou nosso querido Exú, Elegbara, Elegua, Papa Legba, o grande senhor dos caminhos, guerreiro do movimento e da inteligência dentro das tradições Yoruba e Afro brasileiras ou Afro cubana como desejarem, é aquele que sempre vem primeiro e para quem é sempre oferecida as primeiras oferendas, enfim são forças ou entidades ou projeções arquetípicas mais próximas de nossa realidade cultural e social.
“Tahuti standeth in His splendor at the prow, and Ra-Hoor abideth at the helm …”
Liber Resh Vel Helios
Liber Resh Vel Helios
Como 1ª consideração temos no Texto Yetzirático: “O oitavo Caminho chama-se Inteligência Absoluta ou Perfeita, pois é o instrumento do Primordial, a não possuir raízes, com as quais possa penetrar a implantar-se, salvo nos lugares ocultos de Gedulah, da qual emana sua essência característica.”
A interpretação mais “psicológica” da esfera Hod é que corresponde à nossa capacidade de abstrair, conceituar, raciocinar, se comunicar, e esse nível de consciência decorre do fato de que, para sobreviver, desenvolvemos um sistema nervoso capaz de construir representações internas do mundo. Essa comunicação ou tal capacidade pode ser dar de variadas maneiras, nem sempre a mais usual.
Assim vou seguir com um tipo de comunicação menos óbvia, porém igualmente potente.
O 2º aspecto sobre Hod é que temos nas artes divinatórias potentes comunicações Mercuriais. Quanto às inteligências cuja tarefa é dar informação ao adivinho, suas naturezas são variáveis, e correspondem mais ou menos ao caráter do meio de adivinhação empregado. Assim, as inteligências geomânticas forças de natureza da terra, distinguidos uns dos outros pelas modificações causadas pelas várias influências planetárias e zodiacais relacionadas com cada um dos símbolos.
O Tarô, por outro lado, sendo um livro, está sob Mercúrio, e a inteligência de cada Atu é, fundamentalmente, Mercurial. Tais símbolos são, portanto, peculiarmente adequados para comunicar pensamentos. Eles não são “grosseiros”, como os gênios geomânticos; mas, por outro lado, sua leitura requer experiências pois há sempre o lado “trickster” no aéreo Mercúrio. É sempre essencial que o adivinho obtenha absoluto controle mágico das inteligências do sistema que ele adota. O mediador do jogo não deve permitir a mínima possibilidade de ser enganado, iludido ou escarnecido. Ele não deve permitir a ambiguidade na interpretação das perguntas do consulente. É um truque frequente obter uma resposta que é literalmente correta, no entanto, enganadora. Por exemplo, poderíamos perguntar se tal transação comercial será lucrativa, e descobrir, depois de recebermos uma resposta afirmativa, que o lucro será da outra parte da transação!
Na Geomancia, figuras que se relacionam muito bem com esse espírito de velocidade e comunicação e possuem em comum o Gênio Taphthartharath¹ que costuma realizar bons trabalhos quando devidamente invocado.
No 3º aspecto falaremos sobre as qualidades de Hod, sua virtude é a honestidade ou a veracidade, e seu vício é a desonestidade, falsidade ou a inverdade, até mesmo a verdade parcial. Uma das características de poder criar representações abstratas da realidade e comunicar algum aspecto dela a outra pessoa é a possibilidade de deturpar a realidade ou, expor somente algumas cores do prisma.
Uma ilusão da influência de Hod é no sentido de tentar impor o senso de ordem sobre o mundo. Isso é muito perceptível em algumas pessoas; sempre que algo acontece, eles imediatamente o classificam e declaram com grande autoridade, são os teóricos da percepção, (não à toa na GD havia o grau de Theoricus que naquela ordem se liga ao trabalho de Yesod) ". A dicotomia ocorre porque as pessoas confundem sua representação interna do mundo com o próprio mundo e, no afã de ver sempre parte da totalidade da foto, tentam encaixá-lo em sua representação previamente estabelecida.
A ilusão de ordenamento (de que tudo no mundo pode ser perfeitamente classificado) relaciona-se intimamente com o qliphoth de Hod², que é a rigidez ou ordem rígida. Desde a visão aberta e despojada da criança que todo absorve vamos aos poucos recrudescendo e medindo as coisas através de um conceito que foge ao sentido de percepção das coisas, muitas vezes atribuindo valores que são tendenciosos e chegamos já no final da juventude/início da vida adulta míopes e cheios de falsas certezas a respeito do universo que nos cerca.
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1 Ver The Equinox Vol.1 Nº3
2 SAMAEL (SMAL): SHEOLIEL + MOLEBRIEL + AFLUXRIEL + LIBRIDIEL Enganadores [malabaristas de crânios], cujas formas são as de um demônios com cabeças de cães.
A experiência mística e mágicka da esfera de Hod é o 4º aspecto em nosso discurso e se trata da Visão do esplendor. Existe regularidade e ordem no mundo - nem tudo é uma ilusão - e quando alguém é capaz de apreciar a ordem natural em seu sentido abstrato, via matemática, por exemplo, pode levar a uma experiência genuinamente religiosa e até extática e o segredo disso está no estudo minucioso da Cabala e de seus métodos. Vejamos que todo processo leva para uma experiência espiritual que visa uma mudança fundamental de paradigma, mudando a percepção do aspirante enquanto ele aspira sua Grande Obra, uma vez que ele se coloque no lugar do ego ou da personalidade ele volta a enxergar e sentir as percepções de acordo com sua conveniência. Assim, vemos que em Malkuth sua experiência foi a visão do seu Sagrado Anjo Guardião, depois em Yesod há a visão do Mecanismo ou Engrenagem do Universo. Assim a experiência de Hod através das práticas que levarão à destruição da casa de deus proporcionará uma intensa visão do esplendor do mundo, tornada visível através dos olhos do intelecto racional.
"Eu dou alegrias inimagináveis na terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz indizível, descanso, êxtase; nem eu exijo nada em sacrifício." (AL I:58).
A Imagem Mágica de Hod é o nosso 5º aspecto ou consideração pois nos dá ferramentas muito interessantes para meditação. A compreensão da natureza dinâmica a formal do trabalho mágico de “concretizar ideias” está resumida no símbolo do ser em que se combinam os elementos masculino e feminino. Por essa razão é essencialmente a Esfera das formas animadas pelas forças da natureza; e por com consequência inversa, é a Esfera em que as forças da natureza assumem uma forma sensível.
O Nome Divino de Hod, Elohim Tzabaoth, Deus das Hostes, contém o símbolo hermafrodita de modo muito interessante, pois a palavra Elohim é um substantivo feminino com um plural masculino, indicando, assim, segundo a maneira dos cabalistas, que ela representa um tipo duplo de atividade ou de força que funciona por meio de uma organização. A ideia de uma única divindade masculina é única em nossa era moderna. Em todas as culturas antigas, os Elohim eram homens e mulheres. No Egito, eram Osíris (masculino) e Ísis (feminino). Em Canaã, era El e Elat (também conhecido como Asherah). Para os gregos era Zeus e Hera. Para os romanos eram Júpiter e Juno. Para os alemães eram Odin e Frigg. As três Sephiroth do Pilar Negativo da Árvore têm a palavra Elohim como parte do Nome Divino. Tetragrammaton Elohim em Binah; Elohim Gebor em Geburah; e Elohim Tzabaoth em Hod.
Assim ficam claros que os atributos de Elohim são masculinos e femininos. Para os que desejam se aprofundar neste assunto, Vivianne Crowley em seu livro Cabala – um enfoque feminino, sustenta que Elohim Tzabaoth, seria mais bem traduzido como Deusa das Hostes.
Nossa 6ª consideração diz respeito ao Atu XVI, pelo seu nome, O Senhor dos Exércitos dos Poderosos, este Atu é atribuído à letra Peh, que significa boca; e refere-se ao planeta Marte. Na sua interpretação mais simples, refere-se à manifestação da energia cósmica em sua forma mais densa, e seu caminho que liga Hod a Netzach, pelo seu caminho representar o elo entre sentimento e o pensamento que está assentado na água em Hod e tendo a boca como órgão maior e mais notório de comunicação quero fazer algumas considerações mais de ordem física. Nosso chakra laríngeo representa tanto nossa comunicação quanto nosso estado emocional, quando bem equilibrado, é facilitada a comunicação, não só com as pessoas, como, também, conosco, além, é claro, de aumentar a nossa percepção no sentido de comunicações internas. Nossa consciência é ampliada, no sentido de desenvolvermos nossa responsabilidade em relação à nossa evolução e em relação às nossas necessidades materiais e espirituais. Por reger a tireoide, ele tem a função de purificar o que recebemos, antes de emitir, ou seja, as energias são purificadas antes de serem emanadas. Fisicamente, ele rege as cordas vocais, a tireóide, a garganta, a boca, nariz e os ouvidos. Em desequilíbrio, em nível emocional, pode ocasionar dificuldade de comunicação e expressão, ansiedade, sensação de vazio, gagueira. Em nível físico: asma, vertigem, alergias, anemia, fadiga, laringite, dor de garganta, afonia, tosse, além de tendências a problemas respiratórios e de pele e na tireoide. Práticas com Mantras tem surtido excelente efeito, a dica é recitar o que você gosta. No ponto espiritual e prático é a dolorosa tarefa de implodir seus pré conceitos para que uma nova visão possa surgir, é um trabalho de coragem que miseravelmente muitos falham no apego as sensações do ego.
O 7º ponto é que apenas na proporção em que nossas capacidades de reação se elevam acima da Esfera dos reflexos emocionais a se colocam sob o controle racional que podemos transformá-las em poderes mágicos. Os quatro Oitos são atribuídos a Hod. Estando no mesmo plano que os Setes na Árvore da Vida, mas do outro lado, os mesmos defeitos inerentes que são encontrados nos Setes serão aplicados. O conceito da reação a da satisfação inibidas está expresso no título do Oito de Copas do Tarô, cujo nome secreto é "Sucesso Abandonado". O naipe de Copas do Tarô, em seu simbolismo do está sob a influência de Vênus e do elemento Água, representa os diferentes aspectos a influências do amor. O "Sucesso Abandonado", a inibição da reação instintiva, que daria a satisfação - em outras palavras, a sublimação -, é a chave dos poderes de Hod. Mas lembremos que a sublimação não é a mesma coisa que a repressão ou a erradicação, e se aplica ao instinto de autopreservação. O mesmo conceito reaparece no título secreto do Oito de Espadas, que é "O Senhor da Força Diminuída" ou “Interferência”. À primeira vista, pareceria fácil confundi-lo com as Oito Copas; mas a ideia é, na realidade, bem diferente. Este atu é atribuído a Júpiter e Gêmeos; consequentemente, não há peso da vontade por estresse interno ou externo. Gêmeos é um signo arejado, um signo intelectual; Júpiter é genialidade e otimismo. Isso não acontecerá no mundo das espadas; se é preciso acertar, o melhor golpe é o nocaute. Mas há outro elemento neste atu; a de interferência inesperada (os Oitos, por ser mercurial no coração, é sempre isso), pura má sorte imprevista. Temos, nessas palavras, uma clara imagem da suspensão a retenção do poder dinâmico que procuramos controlar. No Oito de Ouros, que representa a natureza de Hod manifesta no plano material, temos o Senhor da Prudência - que é também uma influência restritiva porém um pouco mais positiva, esta carta é muito melhor do que as duas últimas, porque, em questões puramente materiais, especialmente aquelas relacionadas a dinheiro real, há uma certa força em não fazer absolutamente nada . Mas essas três cartas negativas se resumem sob o governo do Oito de Paus, que representa a ação da Esfera de Hod no plano espiritual, e essa carta recebe o nome de Senhor da Rapidez ou somente Rapidez, como seria de esperar de sua atribuição a Mercúrio e Sagitário. Esta é uma “éterização” da ideia de fogo; todos os elementos brutos desapareceram.
Nossa 8ª e última consideração é sobre a arma de Hod, a Taça Mágicka. A Fórmula do Cálice não é tão apropriada quanto à da Baqueta para Evocações, o Cálice é uma arma de natureza “passiva” representa pouco mais que a oração, e esta oração é “a oração do silêncio”. A Taça Mágica, deve formular o receptáculo universal, por isso o mago escolhe um número que representa o Universo e “crava” em sua taça, ela é também a flor. É o Lótus que se abre para o Sol, e recolhe o orvalho.
Este Lótus está na mão de Ísis, a Grande Mãe. É um símbolo semelhante ao da Taça na mão de Nossa Senhora Babalon.
Este Lótus está na mão de Ísis, a Grande Mãe. É um símbolo semelhante ao da Taça na mão de Nossa Senhora Babalon.
Força e fogo são de nós!
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